UMA REFLEXÃO SOBRE A PRÁTICA DOS DÍZIMOS E OFERTAS NA IGREJA UNIVERSAL DO REINO DE DEUS
INTRODUÇÃO
A Igreja Universal do Reino de Deus crê que os dízimos e as ofertas são tão sagrados quanto a Palavra de Deus. Os dízimos significam fidelidade, e as ofertas, o amor do servo para com o seu Senhor. Todos os que servem a Deus têm o direito a uma vida abundante. É o que o Senhor Jesus afirma no livro de João 10.10: “Eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância”. (Texto retirado do site da Universal -> https://www.universal.org/a-universal)
De acordo com a Igreja Universal do Reino de Deus, as bênçãos de Deus, sejam elas materiais (prosperidade, saúde e emprego) ou espirituais (Libertação e cura), são derramadas ao fiel quando o mesmo se torna dizimista e ofertante.
Edir Macedo (Líder da igreja Universal) diz: “Quando pagamos o dízimo a Deus, Ele fica na OBRIGAÇÃO de cumprir sua palavra, repreendendo os espíritos devoradores que desgraçam a vida do ser humano atuando nas doenças, vícios degradações sociais e em todos os setores da atividade humana as quais fazem o homem sofrer, quando somos fiéis nos dízimos, além de nos vermos livres desses sofrimentos passamos a gozar de toda plenitude da terra tendo Deus ao nosso lado...”.
Neste relato o Bispo faz menção indireta ao texto de Malaquias 3.10, mas analisando o contexto, podemos destacar alguns pontos:
1. Entendendo a aliança de Deus com o povo no Antigo Testamento.
Precisamos antes de tudo entender a aliança que Deus faz com o Povo no monte Sinai após a saída do Egito. Essa aliança é marcada pela obediência, ou seja, se o povo andasse nos caminhos do Senhor, Deus iria abençoar a nação com toda sorte de bênçãos, mas se o povo se desviasse dos caminhos do Senhor, maldição chegaria naquele arraial.
2. Povo era desobediente
Malaquias 3.7 - “Desde o tempo dos seus antepassados vocês se desviaram dos meus decretos e não os obedeceram”. Esse texto revela que não somente aquela geração era desobediente, mas também seus antepassados, ou seja, desde da libertação do Egito até o momento, aquele povo tinha como prática recorrente, a desobediência.
3. Misericórdia de Deus
Na continuação do verso 7 podemos ver de forma clara como Deus é misericordioso com aquele povo, verso 7: “Voltem para mim e eu voltarei para o vocês, diz o Senhor dos Exércitos”. Deus mostra mais uma vez sua graça e amor para com aquele povo desobediente.
4. O Culto no Antigo Testamento
Verso 8 - “Pode um homem roubar de Deus? Contudo vocês estão me roubando. E ainda perguntam: Como é que te roubamos? Nos dízimos e nas ofertas”. A lei do culto no antigo testamento havia determinação que o israelita deveria trazer o dízimo (décima parte) de tudo o que ele tinha. No culto do AT o dízimo era parte integrante, ou seja, algo indispensável e que não poderia ser feito de qualquer maneira, e aquele povo não estava dizimando. Por isso, eles estavam roubando a Deus nos dízimos e nas ofertas. Os dízimos faziam parte das leis cerimoniais do culto, então, o problema não era o dízimo em si, mas a desobediência daquele povo. O povo não estava cumprindo o “acordo feito com Deus”.
5. Maldição e Roubo
Entendendo a aliança de Deus com o povo e o culto do Antigo Testamento (leis cerimoniais), chegamos no correto entendimento do verso 9, que diz: “Vocês estão debaixo de grande maldição porque estão me roubando; a nação toda está me roubando”. Não dar os dízimos mostra o roubo/desobediência. E de acordo com a aliança, a desobediência traz maldição para o povo. Por isso o arraial não estava prosperando, porque estavam sendo desobedientes.
6. Provando a Deus
Um dos versículos mais conhecidos do AT é o 10, onde Deus fala através do profeta para fazer prova dEle. Mas como foi explicado anteriormente, Deus não estava se referindo ao valor financeiro, e sim para que aquele povo se voltasse à lei estabelecida na aliança obedecendo a Deus, e assim o Senhor cumpriria a sua parte, trazendo bênçãos àquele povo.
Esse texto não relata a questão de barganha apresentada pela Igreja Universal, e sim de obediência.
7. Dízimos no Novo Testamento
No novo testamento não há uma lei referente a dízimos e ofertas, mas podemos encontrar alguns princípios interessante.
Todos os cristãos devem contribuir financeiramente
A Bíblia é repleta de textos que falam sobre a contribuição dos cristãos, um deles é 1 Timóteo 5.17-18 – “Os presbíteros que lideram bem a igreja são dignos de dupla honra, especialmente aquele cujo trabalho é a pregação e o ensino, pois a Escritura diz: ‘Não amordace o boi enquanto está debulhando o cereal’, e ‘o trabalhador merece o seu salário’”. De onde vem esse dinheiro? Claro que é da colaboração dos cristãos.
Contribuir com alegria
2 Coríntios 9.7 – “Cada um dê conforme determinou em seu coração, não com pesar ou por obrigação, pois Deus ama quem dá com alegria. Os cristãos devem dar com alegria, ou seja, não por medo de uma maldição ou algo do tipo”.
Contribuir com proporcionalidade
2 Coríntios 8.12 – “Porque, se há prontidão, a contribuição é aceitável de acordo com aquilo que alguém tem, e não de acordo com o que não tem”. Esse texto fala por si: o cristão deve dar proporcionalmente do que tem.
8. Conclusão
Após o entendimento de culto, da aliança do Antigo Testamento e de analisar o Novo Testamento, conclui-se que todo o cristão deve dar, dar com alegria e de forma proporcional. Não por barganha, ou para “obrigar” Deus a dar algo em troca, como ensina a Igreja Universal e o Bispo Macedo.
* Wagner Vaz da Silva é estudante de Teologia no Seminário Teológico Evangélico Peniel.